Selvagens À Procura de Lei com novo músicas e gás para seguir em frente. Foto: Divulgação |
Quarteto cearense mostra diversidade musical em "Praieiro", terceiro álbum de estúdio, feito através de união com os fãs
Texto: Ingrid Natalie (twitter: @ingridnatalie)
Após a excelente repercussão do álbum homônimo lançado em 2013, a banda Selvagens A Procura de Lei anuncia novo disco de inéditas e prova sua grande representatividade dentro do cenário contemporâneo do rock brasileiro. "Praieiro" é o terceiro álbum de estúdio do quarteto nascido em Fortaleza (CE) e formado por Rafael Martins (vocal e guitarra), Gabriel Aragão (vocal e guitarra), Caio Evangelista (baixo) e Nicholas Magalhães (bateria).
O novo registro, produzido por David Corcos, possui 11 faixas que exploram toda a capacidade artística do grupo. Podemos perceber uma temática mais leve e uma viagem por entre várias sonoridades diferentes. De acordo com a banda esse disco foi feito "pelos fãs e para os fãs " uma vez que o projeto teve início através de uma campanha de financiamento coletivo no Cartase para gastos relacionados à produção. No decorrer do período de composição e gravação, foi lançado o single "Bem-vindo ao Brasil", representando uma crítica ao "complexo de vira lata" de grande parte da população brasileira. Conversamos com Gabriel Aragão que gentilmente dividiu detalhes sobre essa nova fase da banda e planos futuros. Leia:
FRS: O projeto do álbum "Praieiro" começou pelo financiamento coletivo através do catarse. O que levou a banda a procurar essa plataforma?
Gabriel Aragão: A gente sempre teve muita liberdade ao escrever as músicas. Sempre foi do nosso jeito e depois vem a produção e o registro em estúdio. Tínhamos músicas que precisavam "crescer" para além dos 4 Selvagens, que foi algo que o David Corcos trouxe pro disco. Isso foi muito importante pra gente, porque explorar o novo sempre mexe com a banda. Ao invés de contarmos com uma grande gravadora, dessa vez, contamos com os nossos próprios fãs. Não sabíamos se ia dar certo, mas demos a cara à tapa e o resultado foi além do esperando, superando todas as expectativas. O financiamento coletivo mudou a nossa relação com os fãs para melhor. "Praieiro" é um disco feito através deles e para eles. É nossa missão rodar esse país e tocar pra todos os fãs, inclusive aqueles que ainda não viram um show dos Selvagens. Temos muito orgulho do "Praieiro" por tantos motivos, mas o fato dos fãs estarem presentes desde a concepção é emocionante.
FRS: Quais foram as principais influências para esse novo registro de estúdio?
Gabriel Aragão: Resgatamos muita coisa que a gente já ouvia, mas que ainda não tínhamos transmitido através do som dos Selvagens até então. Os ritmos foram muito importantes... Dance, funk, reggae, xote, rock... Rolou muito Alceu Valença, Gilberto Gil, Stevie Wonder, Funkadelic, Daft Punk... Dentre tantas outros sons... Experimentamos muito nesse disco e o resultado está aí.
FRS: "Praieiro" definitivamente possui uma sonoridade diferente do que seu antecessor. Como vocês descreveriam o atual momento artístico da banda?
Gabriel Aragão: A gente tá sempre à procura do que a banda ainda não fez, do que podemos fazer melhor e de como se reinventar. Não faz sentido gravar outro "Aprendendo a Mentir" pra gente, por exemplo. Preferimos nos arriscar. Isso nos mantém vivos e é saudável pro artista. Acredito que estamos num momento muito bom, a banda cada vez mais se torna o que a gente sonhava lá atrás quando éramos 4 moleques tocando em Fortaleza. Hoje, os 4 tem uma voz ativa e os 4 podem se orgulhar de serem compositores. Isso tudo me deixa super empolgado pelo que vamos fazer em seguida.
FRS: Quais as principais características da faixa "Tarde Livre" que levou a ser escolhida como primeiro single?
Capa do álbum "Praieiro". Ilustração: Amandine Levy |
Gabriel Aragão: "Tarde Livre" foi uma das primeiras músicas escritas depois do disco de 2013. Fala sobre a mudança de Fortaleza para São Paulo. Boa parte do disco fala sobre isso. Mas "Tarde Livre" causa um impacto emocional muito forte. Tanto na gente quanto no público. Cantar essa música ao vivo sempre remete à um período de dúvida e insegurança, mas também de coragem e de muita força de vontade. Não poderíamos ter escolhido melhor música para apresentar o disco à galera.
Assista ao clipe oficial de "Tarde Livre":
FRS: Hoje vocês já possuem 3 álbuns de estúdio. Qual deles foi o mais desafiador na sua opinião?
Gabriel Aragão: Cada um teve o seu desafio. Sinto que a cada disco a gente se propõe a sair da nossa zona de conforto, testando outros pontos de vista que ainda não foram explorados na composição ou nos arranjos. "Aprendendo a Mentir" (2011) já foi bastante desafiador pra gente gravar o primeiro disco em 5 dias no Recife-PE com a produção do Iuri Freiberger. Tudo era novidade nessa época. Em "Selvagens à Procura de Lei" (2013) passamos a produzir com o David Corcos O Marroquino. Pela primeira vez gravamos com piano e violão. Também gravamos o Nicholas cantando o refrão de "Despedida". Com o "Praieiro" (2016) a banda passou a explorar outros ritmos. Gravamos com outros músicos, como o Jota Erre na percussão em todas as faixas, alguns tecladistas também passaram pelo disco como Apollo, Rusty, Roberto Pollo e Robledo... Além disso todos da banda cantaram mais. O desafio é estar sempre em mutação!
FRS: Vocês foram convidados para participar da festa de 290 anos de Fortaleza. O que significa retornar para a cidade onde tudo começou?
Gabriel Aragão: Voltar pra Fortaleza recarrega as energias. Nossas famílias e grandes amigos moram aqui. É sempre especial. Poder tocar na festa de aniversário de 290 anos da nossa cidade é quase mágico. Desde as primeiras músicas os Selvagens falam ou citam Fortaleza nas letras. A gente leva a nossa terra por onde a gente for. Por isso mesmo, precisamos falar sobre o que os outros não falam ou desconhecem. Nunca fui fã da fama turística que Fortaleza tem para o resto do país, por exemplo, porque é uma farsa. Até parece que não se trata da capital mais violenta do país. Só quem mora sabe o que é suportar o dia a dia aqui. Lembra um pouco a fama da zona sul do Rio de Janeiro, que "apaga" todo o resto, como se a cidade se resumisse àquilo. Não queremos cantar apenas sobre as mazelas sociais, mas também não queremos cantar sobre um paraíso que na verdade não existe. Fortaleza significa muito pra gente e acho que os Selvagens tem esse lance de falar sobre tudo, claro, à nossa maneira. Sei que outros artistas da terra surgem e surgirão com os seus próprios pontos de vista. E isso é enriquecedor.
FRS: Quais são os próximos planos para 2016?
Gabriel Aragão: Queremos fazer o show de lançamento do "Praieiro" em todas as capitais. Rodar muito. Temos outros singles para trabalhar e clipes para filmar. Também queremos fazer o registro ao vivo da turnê de "Praieiro". Estamos numa fase muito boa, com um repertório rico e diferente que passeia pelos 3 discos, além dos EPs e singles isolados. "Praieiro" surgiu através dos fãs e é com eles que queremos estar próximos durante todo o ano de 2016.
Ouça o disco na íntegra:
Onde encontrar a banda
Site oficial: http://sapdl.com
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- 2:23 PM
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