Staut: Duas Décadas de Resistência e a Jornada de 'Limbo das Ideias'

1:00 PM

Staut - Foto: divulgação

Com mais de 20 anos de estrada, a Staut segue firme no underground brasileiro, explorando novas sonoridades e reafirmando sua identidade com o álbum Limbo das Ideias e o documentário "Do Limbo ao Mundo".

Por: Ingrid Natalie (instagram: @femalerocksquad)

Com mais de duas décadas de estrada, a Staut construiu uma trajetória sólida no underground brasileiro, misturando influências que vão do hard rock ao metal, passando pelo stoner, grunge, punk e até elementos de folk e doom. A banda acaba de lançar seu novo álbum, "Limbo das Ideias", e o documentário Do Limbo ao Mundo, que revisita essa jornada desde os primeiros ensaios até os dias atuais.

Nesta entrevista, conversamos com a banda sobre suas influências, o processo criativo, os desafios da cena independente e, claro, os bastidores do novo disco e documentário. Confira!

FRS: O som de vocês mistura hard rock e metal de forma única. Quais foram as principais influências da banda ao longo dos anos?

Staut: Nós somos jovens dos anos 90! Hahaha... Neste período surgiram muitas bandas que misturavam hard rock, metal, hardcore, rock clássico, punk, rap, enfim... Houve um momento em que a atitude do artista tinha uma relevância muito grande e isso acabava abrindo um pouco mais o leque de influências musicais. 

Nossa base, partindo dos anos 70, é o Black Sabbath. Até porque eles influenciaram muitas bandas que também são nossas influências nas próximas décadas. Na década de 80, veio o Iron Maiden e Metallica entre outras grandes bandas de metal, junto com Ratos de Porão, Replicantes e obviamente Sepultura aqui do Brasil. A década de 90 é a mais complicada para citarmos nomes, porque houve muita coisa para a nossa geração. No nosso primeiro álbum de demos, "Demos & Damas: 2004 - 2008", além das bandas já citadas, vemos influências de bandas como Kyuss, White Zombie, Soundgarden, Alice in Chains, Nirvana, Marilyn Manson, Deftones, Tool e por aí vai... Muitas dessas influências são percebidas também no nosso novo álbum "Limbo das Idéias" e no anterior "Viajando ao Quadrado". No "Limbo", trouxemos um pouco mais de stoner, folk e doom. Algum experimentalismo com rock clássico também.

Talvez isso possa ser um "erro", mas sempre tentamos não deixar o nosso som em uma caixinha. Seria mais coerente estarmos em um "estilo" bem definido, mas isso seria contrário ao nosso princípio inicial de fazer um trabalho honesto e de atitude. Forçar a arte a ser algo específico é quase como transformar arte em produto de série.

FRS: Como funciona o processo de composição das músicas? Existe uma dinâmica colaborativa entre os membros ou alguém lidera mais essa parte?

Staut: Já houve diferentes formatos de processos durante toda a história da banda. Preferimos dizer que as composições seguem um caminho natural em cada caso. Mas em geral, o mais comum é partir de um riff ou uma linha melódica de guitarra e logo após as partes de vocais e em seguida os outros elementos da banda. Isso mudou bastante no nosso último disco. 

O "Limbo" foi concebido durante a pandemia da covid 19. Renato(guitarra) e Chico(baixo), se reuniam um tarde por semana para juntar ideias e compor os instrumentais. Boa parte das músicas já estavam com uma estrutura e ideia básica criada, mas outras saíram totalmente do zero. Logo após a Beta(voz), vinha e colocava a letra e os vocais. Estávamos sem baterista, então usamos simuladores de bateria na pré-produção. 

FRS: A banda lançou o álbum "Limbo das Ideias". Quais foram as principais influências para o álbum e o que vocês acham que os fãs vão pensar sobre a sonoridade? 

Staut: Sim, o nosso novo álbum "Limbo das Ideias" foi lançado dia 28 de fevereiro! Ele recebe esse título por trazer um trip pela história da banda e as nossas influências por mais de 20 anos de resistência no underground. O disco abre com os dois pés na porta com a música "Livre Arbítrio", que é uma música que temos um esqueleto desde as primeiras formações da Staut. Em seguida, passamos por uma cadência mais lenta e progressiva, com influências de blues, stoner e hard rock. Assim o álbum segue! Do stoner ao rock clássico, do grunge/punk, ao folk/doom e do prog ao metal alternativo. Se você ouvir hoje o álbum "Limbo das Ideias" e logo após nosso álbum anterior "Viajando ao Quadrado", acredito que essa salada de influências começa a fazer sentido e não soar tão estranho quanto parece. Tudo acaba soando bem Staut mesmo!

FRS: Falando em lançamento, o recente documentário "Do Limbo ao Mundo" condensa duas décadas de história da Staut em apenas 15 minutos, desde os primeiros ensaios até o novo registro de estúdio. Como foi para vocês reviver essa trajetória e ver essa evolução registrada em um filme?

Staut: Foi muito legal! Revivemos muitas coisas que nem lembrávamos mais. Juntar esses materiais antigos foi como rever um filme da vida. Revisitar amigos, lugares e sentimentos é algo que todo mundo deve fazer de vez em quando. Isso resume quem somos. Os 15 minutos realmente não fazem justiça com tudo que gostaríamos que estivesse alí. Quando estávamos gravando a parte de depoimentos, o diretor Fred Demin, teve que solicitar para o Renato(guitarra), que chegasse em algum lugar, porque só ele já estava falando a mais de 45 minutos. Então imagine colocar tudo isso em 15 minutos. Mas o Fred fez um ótimo trabalho e entregou um filme excelente de se assistir.


FRS: Como vocês veem a evolução do estilo de vocês desde o começo até agora? Quais elementos vocês acham que continuam sendo a essência da banda?

Staut: Sempre buscamos músicos que admiramos para fazer parte da Staut. A banda já passou por umas cinco formações e todos sempre somaram de forma muito positiva e continuam sendo grandes amigos. Essencialmente, Beta e Renato são o embrião e o alicerce do que a Staut representa. Sempre zelamos pela verdade artística do que estamos vivendo no momento, mas mantivemos a banda como uma formação clássica de rock, com guitarra, baixo, bateria e voz. Mesmo sempre abrindo a mente para as influências dos músicos que nos acompanham, acreditamos que o fato de sermos um casal e dividirmos nossa vida por tantos anos, faz com que a nossa arte seja uma extensão das experiências que vivemos em forma de rock sem preconceitos e limitações.

Staut - Foto: divulgação

FRS: Quais foram os maiores desafios enfrentados pela banda ao longo da carreira? Como vocês lidam com as dificuldades da indústria musical?

Staut: Como toda banda underground, nossas maiores dificuldades sempre foram financeiras. Vender show autoral sem ser mainstream é algo praticamente inviável no Brasil. Você consegue entrar em festivais, tocar em algumas casas da sua região ou fazer shows casados com bandas cover. Mas isso não é sustentável. Você é obrigado a ter atividades extra a sua banda. Seria demais sair para outros estados do Brasil e ver a galera que curte o som da banda em São Paulo, Rio e na Bahia por exemplo. Mas para bandas underground essas contas não fecham. No mínimo, teríamos que abrir mão do que paga a conta e ainda custear essa trip. Realmente complicado, ainda mais na idade que estamos. Espero que isso mude e oportunidades viáveis ainda cheguem a tempo para nós. 

FRS: Como vocês veem o futuro da cena do rock e metal no Brasil? Quais outros artistas ou bandas que vocês recomendariam para quem gosta de Staut?

Staut: O rock e o metal estão onde sempre estiveram. Quando ocorreram "ondas de rock" no Brasil, muitas bandas realmente legais não foram atingidas. Pelo menos aqui no Rio Grande do Sul. As coisas acontecem mais no eixo Rio e SP. Esses estados são exemplos de movimentação e oportunidades. Por isso pensamos que o rock e o metal permanecem vivendo no underground em pequenos e perseverantes movimentos. Ondas vão e vêm e o público rockeiro continua existindo. Há muito preconceito entre os segmentos dentro do próprio rock também, assim como em todos os lugares. Mas por ser um público de nicho e bem restrito, isso prejudica também o crescimento das bandas. Vemos alguns segmentos músicas altamente comerciais onde um artista puxa o outro. Talvez isso falte um pouco no rock. Entre as bandas que achamos muito legais do nosso underground estão Elton Jones, Sterna Peyote, Yesomar, El Negro, entre outras...   

Agradecemos demais o espaço e oportunidade e convidamos a todos a curtir nosso novo álbum "Limbo das Ideias" em todas as redes de streaming, adicionar os sons em suas playlists e seguir a banda no Instagram, Youtube e tudo mais!

Acesse https://stautrock.com.br/ e encontre os links para sua rede favorita.

Ouça o álbum "Limbo das Ideias" na íntegra:

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