Laggus explora temas profundos em 'Gris', segundo álbum da carreira

4:08 PM

Laggus - Foto: divulgação

O quarteto carioca de heavy metal lançou em 9 de agosto, seu tão esperado segundo álbum, "Gris", disponível em todas as plataformas digitais. Com letras em português e produzido de forma independente, o álbum toca em questões sensíveis como saúde mental e fragilidade emocional

A banda Laggus, nascida em 2018 no Rio de Janeiro, conta em sua formação com Alan Raiol (bateria e backing vocals), Gustavo Ribeiro (vocal e guitarra), Romildo Jr. Combinando metal alternativo e grunge, a banda surgiu após Gustavo conhecer Alan em 2017. Em 2019, a formação atual se estabeleceu com a chegada de Vitor e Romildo. No decorrer da pandemia de 2020, a Laggus gravou seu primeiro EP “Limiar” de forma caseira, seguido por “Habitual” (2021) e “Perene Inércia” (2022).

O quarteto carioca lançou recentemente o álbum “Gris”, seu registro mais conceitual. O álbum aborda questões de saúde mental e fragilidade emocional, com influências de metal alternativo, nu metal e elementos sinfônicos. O álbum, composto de forma colaborativa, entrega conforto para aqueles que encaram dificuldades emocionais e reitera a mensagem de que ninguém está sozinho em suas lutas.

De acordo com Gustavo Ribeiro, o conceito de "Gris" é de esclarecer sobre temas muitas vezes negligenciados ou não dados a devida importância. "Esperamos que o álbum ofereça conforto e reconhecimento para aqueles que enfrentam dificuldades emocionais. A estética do álbum, com tons de cinza e imagens que refletem o significado das músicas, complementa o conteúdo lírico e sonoro. Influências de metal alternativo, nu metal e elementos sinfônicos permeiam as faixas, refletindo nosso interesse pela mente e comportamento humano, além de contarem com a contribuição direta de um psicólogo entre nós."

Leia a entrevista com Laggus que detalhou sobre a produção do novo álbum e o momento atual da banda:

FRS: Vamos partir do início, para quem está conhecendo a banda. Como que começou o projeto?

Em 2016, Gustavo Ribeiro (vocalista/guitarrista) se muda para um bairro distante, na cidade do Rio de Janeiro. Como uma forma de fazer novos amigos, a partir de um grupo de músicos no Facebook, ele conhece algumas pessoas e que decidem formar uma banda, sem muito compromisso. Em 2017, após algumas mudanças de integrantes, Gustavo é apresentado a Alan Raiol (baterista), o que contribuiria para o que vinha a ser o embrião da Laggus. Depois de algumas tentativas e mudanças de localidades na cidade do Rio, o projeto ia acabar. Porém, graças a Alan, que convenceu Gustavo, o projeto seguiu. Gustavo recorreu novamente a um grupo no Facebook, com a ideia de encontrar um baixista e um guitarrista solo para a nova formação. Eis que ele conhece Vitor Mansur (baixista), que gostou da proposta e, de quebra, chamou seu amigo de infância, Romildo Jr., para assumir a guitarra solo. No final de 2019, estava estabelecida a formação atual da Laggus.

FRS: Como surgiu o nome "Laggus"?

Escolher nome para uma banda é uma tarefa árdua! Pois, todo nome que soa muito legal, já foi escolhido por alguma outra banda. No nosso caso, tudo não passou de uma sopa de letras. Pegamos as iniciais dos nomes de alguns integrantes e tentamos formar uma palavra. Queríamos um nome curto e que não fosse em inglês. Após algumas tentativas de combinações, “Laggus” foi o resultado mais sonoro, de fácil memorização.

FRS: A discografia conta com os EPs “Limiar” (2020), “Habitual” (2021), “Perene Inércia” (2022) e agora com o primeiro álbum completo "Gris" recentemente lançado. Como vocês enxergam o amadurecimento da banda ao longo desses registros de estúdio?

Tem sido um processo natural. À medida em que tocamos juntos, vamos nos conhecendo mais e mais, cada um consegue ter ideia do estilo do outro. Além da parte técnica, a convivência também faz com que nos conhecemos melhor como pessoa, também, o que é bastante desafiador. Mas, acima de tudo, resulta em grandes músicas. No EP "Limiar", o Vitor e Romildo tiveram pouca contribuição, pois era um trabalho que já estava pronto antes mesmo deles ingressarem na Laggus. "Habitual" e "Perene Inércia" foram músicas criadas durante a pandemia, ainda num contexto de distanciamento. Já o "Gris", foi um trabalho mais profundo, com 100% de contribuição de cada um. Podemos afirmar que é o nosso trabalho mais ousado, até o momento.

FRS: Sobre o novo álbum "Gris", como foi o processo de composição? Quais as principais influências?

"Gris" é um álbum conceitual que aborda as diferentes fases de um colapso emocional. Após algumas experiências frustradas da banda, Romildo sugere que nos dediquemos exclusivamente nas composições e “pintarmos os nossos quadros”, sem shows, apenas a arte na sua forma mais pura e genuína. De início, não foi intencional. Porém, a cada música que criávamos, percebíamos que tinha algo que as conectava. Daí, decidimos, de fato, fazer algo conceitual.

O processo foi, basicamente, um trabalho de revirar alguns traumas e se despir de vaidades. Nós quatro temos o costume de conversar bastante sobre a vida, de uma maneira geral e sobre o comportamento do ser humano. As influências foram as mais variadas possível, desde Pink Floyd, Deftones a Red Hot Chili Peppers e Dream Theater (na parte conceitual, não instrumental... rsrs). Os elementos sinfônicos foram totalmente de forma inesperada e despretensiosa. Depois de ouvir alguns trabalhos do Apocalyptica, Gustavo sugeriu a inserção de alguns elementos de cordas na música ‘Mais uma vez’, uma das mais pesadas do álbum, justamente para fazer esse contraponto. A partir daí, o monstro havia sido criado! Gostamos tanto do resultado que pensamos “E se explorássemos mais isso?”, como um diferencial. Mas, também dosamos bastante, para não ficar exagerado e o peso das guitarras não ficar ofuscado. Deu no que deu! E estamos bastante ansiosos para saber como as pessoas irão reagir.

FRS: Qual música do "Gris" que mais representa a fase atual da banda?

Essa é difícil! rsrs... Por se tratar de um álbum que aborda as diferentes fazes de um colapso emocional e, levando em consideração que vivemos num cenário social caótico, é difícil precisar apenas uma música. Às vezes, são diferentes fases num único dia. Acho que somos, de fato, essa metamorfose ambulante.


FRS: Por fim, quais serão os próximos da Laggus?

"Gris" foi algo extraordinário de ser feito, algo que nos orgulhou muito. Já estávamos num nível intenso de entrosamento durante as composições. E, agora, estamos mais ainda. Portanto, quem acompanha os nossos trabalhos (para que não acompanha, fica aqui o convite!) e gosta, podemos afirmar que vem muito pela frente! Já temos material para alguns outros trabalhos! Somos um solo criativo bastante fértil! Rsrs...

Ouça "Gris" na íntegra:

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