Sonja - Créditos: Júlia Assis

Com influências do Blues e do Soul, a música, que foi lançada em 30 de junho, é parte do álbum autoral “Rainha de Copas”, em que a artista canta sobre transformações e superação 

Texto: Ingrid Natalie (instagram: @femalerocksquad)

Sonja é uma artista que carrega em sua essência o blues e o rock'n'roll, resultando desta forma em uma sonoridade elegante aliada com uma voz de tom quente e acolhedor. Dentre suas principais influências encontram-se Bessie Smith, Janis Joplin, Etta James, Beth Ditto e Tina Turner. A cantora carioca se destaca tanto pela sua capacidade vocal quanto pela sua personalidade forte e visceral.  A discografia conta com o ótimo álbum homônimo "Sonja" (2019) e os recentes singles "Calma" e "Mudanças" que estarão em seu segundo álbum autoral intitulado "Rainha De Copas" com previsão de chegada em agosto de 2023.

Conseguindo cada vez mais relevância na música, a história de Sonja com os palcos já data de muitos anos. Ela começou a cantar aos 6 anos, quando a mãe a colocou em aulas de canto e piano. Desde então, não parou. Como uma boa rockeira teen, teve uma banda com algumas amigas. Em 2016, chegou a participar do programa “The X Factor BR”, da Band, e foi aprovada nas primeiras audições com uma ousada interpretação de “Piece Of My Heart”, de Janis Joplin. Levou pouco tempo depois disso até o lançamento do primeiro álbum em 2019. Agora, prepara para divulgar seu novo registro de estúdio que segundo a artista é totalmente autobiográfico. 

Com lançamento completo previsto para agosto, o álbum “Rainha de Copas” junta canções novas e antigas retratando a história de vida de Sonja e aborda como ponto principal a espiritualidade. A cantora também diz que essa será uma ótima oportunidade de criar uma conexão ainda mais forte com o público. Além das próprias influências, a artista cita também a parceria com Marco Lacerda, que entrou como músico, diretor, produtor musical e arranjador. 

Confira a nossa entrevista com essa simpática e excepcional artista:

FRS: Primeiramente, vamos falar do início. Você iniciou na música bem jovem, aos 6 anos de idade, especialmente influenciada pelo rock'n'roll e consequentemente pelo blues. O que mais te chama atenção nesses dois gêneros musicais?

De alguma forma, os dois me chamam a atenção pela liberdade que me proporcionam. Liberdade de me expressar, liberdade para a minha voz, liberdade para o meu corpo e liberdade para ser, para estar, para pertencer, neste mundo. O Rock N Roll – de Nirvana até Chuck Berry, passando por Pitty e Rita Lee, até Sister Rosetta Tharpe- foi a primeira entidade (vamos chamar assim) nesse mundo que me disse: “está tudo bem, você pode ser exatamente quem você quer ser!”. Isso foi libertador.

Mais tarde, conheci o Blues. Em uma época pesada da minha vida, Ele se fez cura pra mim. Tinha muita coisa rolando dentro e fora e o Blues me deu fôlego, ferramentas e espaço pra expurgar todos esses sentimentos, em forma de canto e música. Eu vejo o Blues como algo muito, mas muito poderoso. Uma música de que se faz força, se faz ajuda. Como toda raíz, o Blues nutre, mantém vivo e em pé. E, claro, não há fruto sem raiz.

FRS: Qual o papel da música na sua vida?

Essa pergunta parece simples mas pra mim é muito difícil responder. Na minha vida, a música sempre veio na frente me mostrando onde ir, como agir e o que fazer. Meu descanso, minha correria, minha paz e a minha guerra. Eu tenho a benção de ter a música como companheira nessa vida, porque ela me acompanha em absolutamente TODAS as fases, todos os passos que eu dou. E querendo ou não, eu tenho um “scape”, né. Eu tenho onde transformar aquilo que fica pesado demais pra lidar sozinha.

Ela é uma cura, mas muitas vezes é o que me faz precisar de cura. É a maior doideira! Música foi o que me deu sentido desde sempre e é o que me faz ter clareza do meu lugar no mundo. Mas é muito mais complexo que isso. Difícil mesmo dar essa resposta quando a reposta é difícil até pra mim mesma.

FRS: Você lançou o seu primeiro álbum homônimo em 2019 e está bem perto de lançar o seu segundo disco autoral "Rainha De Copas" no segundo semestre. Quais foram os maiores desafios na composição deste segundo registro?

Com certeza um grande desafio foi a composição das letras. Elas eram todas em inglês e eu decidi, já iniciados os ensaios para o novo álbum, que este seria todo em português. Então a missão de trazer todas as músicas, sem perder a força e o significado, para o português, foi intensa! Eu tive uma grande ajuda do Marco Lacerda, um dos melhores compositores que eu conheço e também produtor musical do disco, que fez esse trabalho de mudança de uma língua para outra sem quebrar a estrutura da música ou mudar o significado dela. Tive também a ajuda da Jeyce Valente, minha amiga atriz, roteirista, escritora –etcetcetc- (e que compõe umas letras lindas demais), que também foi muito importante nesse processo todo. Com as letras já em português, ainda tivemos mais fases até o produto final.

Mas o maior desafio MESMO, pessoalmente, foi aproveitar o processo, porque foi um álbum que demorou quase 3 anos para ficar pronto, então você imagina a ansiedade? Mas não tem jeito. Quando a gente quer que fique bem feito, precisamos dar o tempo que o trabalho merece e precisa pra ser realizado e trabalhar a paciência.

FRS: Como você se define enquanto compositora? Você é do tipo que acorda no meio da noite para anotar alguma ideia?

Já tive muito isso de acordar no meio da noite. Eu guardo um caderninho na gaveta da cabeceira pra qualquer ideia noturna repentina. Às vezes acordo a noite e gravo um áudio com alguma melodia ou frase que vem na minha cabeça. Já recebi também músicas inteiras (letra e melodia) em sonho, etc. Alias uma das músicas que eu mais amo assinar a composição, veio pronta pra mim em sonho. Eu acordei, escrevi a letra, gravei a melodia no celular e no dia seguinte juntei uma à outra. Somos só um canal, né? Acredito que tudo já exista em outra dimensão, outro plano espiritual. Não sei, pensar nisso é a maior viagem e meio perigoso...hahaha

Mas pra além disso, minha composição é totalmente autobiográfica. Escrevo e canto sobre coisas que eu vivi e vivo, sobre o que me toca, me atinge, me fere, me cura, sei la. Sobre experiências. Minha música não tem medo, sabe? Ela fala mesmo! É a parte mais corajosa de mim.

FRS: Vamos falar sobre os singles "Calma" e "Mudança" que estarão no próximo álbum. Quais foram as inspirações para cada um dos singles?

"CALMA" foi um pedido da Cigana. As músicas do álbum já estavam fechadas, mas fui um dia me consultar com ela e ela disse que eu precisava ter uma musica que falasse sobre calma no álbum, para equilibrar com as músicas densas nele. Na mesma noite, compus CALMA. Mandei pro Marco Lacerda, que também é meu companheiro de composição, ele me ajudou a lapidar a letra e, enfim, saiu CALMA. Ela é um Blues brasileiro e vem como um respiro em meio ao caos que vivemos dentro e fora de nós. Vem com uma mensagem positiva. E foi ela quem escolheu vir como o primeiro single, abrindo os trabalhos. Não por acaso.

(Assista ao vídeo oficial)

"MUDANÇAS" foi inspirada em uma das mudanças mais fortes que eu tive na minha vida até aqui. Escrevi essa música no meu último dia no meu antigo apartamento, cercada de malas e caixas e meu piano. Milhões de sentimentos explodindo no meu peito e o choro preso na garganta. Essa mudança de apartamento, novamente não por acaso, veio junto à uma mudança de vida. E por mudança de vida eu digo mudança de hábitos, de crenças, de tudo. Eu estava deixando pra trás uma vida que não me pertencia mais, uma pessoa que não era mais quem eu queria ser e uma casa que não me cabia mais. Foi uma mudança muito difícil, mas muito necessária, que acabou se transformando em música, pela intensidade e complexidade dela. Então a música vem como um “tenha coragem de se levantar e ir embora quando aquele lugar em que você se encontra, ficar pequeno demais pra você”.

(Ouça a música)

FRS: O que o público pode esperar do álbum "Rainha De Copas"?

Eu não gosto muito dessa coisa de esperar algo de alguma coisa ou de alguém. O que eu posso dizer, é que eu entreguei corpo e alma, sangue e suor nesse álbum e que ele foi feito com muita verdade, coragem e honestidade, como toda música que eu faço. E que ele contou com uma equipe maravilhosa, que comprou meu barulho e também deu sangue e suor na criação desse álbum e à quem tenho imensa gratidão. É o meu segundo álbum que conta com a produção musical de Marco Lacerda e o primeiro que conta com a co-produção de Ygor Helbourn. Por serem pessoas que já trabalham comigo há bastante tempo, posso dizer que ele está especial, pois os meninos (não só estes, mas também a banda e os meninos do estúdio) entenderam e executaram com maestria tudo tudo que ele pedia. Esse álbum mexe comigo e espero que, quem ouvir, sinta o mesmo.

FRS: Quais são os planos futuros de shows e turnê?

Pretendo aproveitar ao máximo esse álbum e leva-lo a muitos festivais, cidades, etc. Quero rodar com ele o quanto eu puder, pois acredito que ele pode ajudar muita gente, como a musica tem me ajudado até aqui. Além de já estar explodindo de ansiedade de voltar aos palcos, porque estou desde a pandemia sem fazer show, né. Então os planos são levar esse álbum a quantos palcos conseguirmos! Ainda não temos datas de shows, mas o lançamento do próximo single será dia 30 de Junho, o álbum sai no dia 25 de agosto e o show de lançamento, a princípio, vem próximo à lua cheia de Setembro (ou seja, no final do mês)!