Knofest tem a primeira edição brasileira com saldo positivo
8:00 PMAproximadamente 45 mil pessoas marcaram presença no sambódromo do Anhembi no último domingo, 18/12, para conferir os shows de Slipknot, Pantera, Judas Priest, Bring Me The Horizon, Sepultura e muito mais
Texto: Ingrid Natalie (instagram: @femalerocksquad)
O sambódromo do Anhembi foi totalmente tomado por uma legião de fãs de heavy metal no último domingo, 18/12, recebendo a primeira edição brasileira do festival Knotfest. Dentre as bandas escaladas para o line-up estavam Bring Me The Horizon, Judas Priest, Mr. Bungle, Trivium, Vended e, claro, Slipknot, os anfitriões da festa. Completaram o line-up as bandas brasileiras Sepultura, Black Pantera, Oitão e Project46.
Nossa cobertura começou às 15:55 no palco Knotstage com o show do super grupo Mr. Bungle formado em 1985 e que atualmente que conta com Mike Patton (Faith No More) nos vocais, Dave Lombardo (Slayer, Suicidal Tendencies) na bateria, Scott Ian (Anthrax) na guitarra, Trey Spruance (guitarra) e Trevor Dunn (baixo). A apresentação marca o retorno do Mike Patton aos palcos após cuidados com a saúde do músico. E que falta realmente ele fazia para o rock'n'roll. Mike Patton é um verdadeiro showman, dono de uma voz absurdamente versátil, o vocalista interagiu em português a todo instante com o público.
Dentre os destaques no setlist tivemos as músicas "Anarchy Up Your Anus", "Raping Your Mind", "Bungle Grind", "Eracist", "Spreading the Thighs of Death", "Glutton for Punishment" e "Hypocrites", dedicada ao atual presidente brasileiro. Além disso, também fizeram covers das músicas "Hell Awaits" do Slayer e "Summer Breeze" do grupo Seals & Crofts.
O show também contou com a participação de Andreas Kisser e Derrick Green do Sepultura para a música "Territory".
Em seguida, no palco Carnival Stage, acompanhamos o show do Pantera, certamente um dos shows com maior público. O "tributo", como eles mesmo s definem, a uma das bandas ícones do rock pesado trouxe em sua formação atual Phil Anselmo (vocal), Zakk Wylde (guitarra) e Charlie Benante (bateria) respectivamente nas vagas de Dimebag Darrell e Vinnie Paul.
A performance do quinteto foi coesa e verdadeira, com direito a uma emocionante homenagem aos irmãos Dimebag Darrell e Vinnie Paul, com a imagens de ambos passando no telão. Eles incluíram no repertório as músicas "A New Level", "Mouth For War", "Becoming", "Yesterday Don't Mean Shit" e "Fucking Hostile", O destaque vai para os clássicos "Walk" e "Cowboys From Hell" cantados a plenos pulmões pelos fãs.
Phil Anselmo conseguiu se redimir das polêmicas declarações se conectando novamente com o público que respondia sempre com muito entusiasmo, além de uma entrega vocal fantástica. Teve roda em praticamente
Being Me The Horizon certamente deixou todos de queixo caído. O vocalista Oliver Sykes é um poço de simpatia. Ele conversou com o público em português, o que não seria um problema já que é casado com a brasileira Alissa Salis e atualmente mora em Taubaté. Um dos momentos espetaculares da performance se deu durante a execução da música "Drown" quando Oliver desceu até o público e cantou no meio da galera. Dentre as músicas escolhidas para o repertório também estavam "Can You Feel My Heart?", com direito à efeitos de corações em neon e a letra da música em estilo “karaokê” sob um fundo amarelo e rosa, e a música "That's Spirit". A sequência “Teardrops”, “Mantra”, “Dear Diary” e “Parasite Eve” ganharam mais efeitos no telão, performance enérgica e Oli falando em seu português “médio-avançado” frases como “vocês são loucos” e “vocês estão pirando na batatinha”. A surpresa do setlist foi "Sleepwalking" para alegria de muitos fãs.
Poucas bandas de heavy metal conseguiram alcançar o status de Judas Priest em aproximadamente 40 anos de carreira. A presença e influência se mantém tão fortes que unir todo o público presente no estádio. Rob Halford (vocal), Glenn Tipton (guitarra), Scott Travis (bateria), Ian Hill (baixo) e Richie Faulkner (guitarra) deram uma verdadeira aula de rock pesado. Eles iniciaram o show às 19:45 com uma trinca espetacular: "Eletric Eye", "Riding On The Wind" e "You've Got Another Thing Coming".
Cada cenário foi estrategicamente montado de forma a contar uma história junto com cada música. Isso sem contar as mudanças de figurino de Rob Halford, que hora trajava jaquetas e sobretudos de couro e tachas e outra um visual mais hard rock com muito brilho. Além disso, o vocalista é uma atração a parte. Aos 71 anos, ele demonstra uma vitalidade impressionante e uma voz impecável que correspondia sempre que exigida como em "Screaming For Vengeance" ou "Painkiller" uma das mais aguardadas da noite.
"Turbo Lover" e "Firepower" são excepcionais ao vivo e agitaram todos os metaleiros de plantão. "Breaking The Law" é o maior sucesso do Priest, os fãs foram ao delírio e cantaram a plenos pulmões. Já perto no final do show e conferindo uma atmosfera mais hard rock, "Living After Midnight" concluiu de forma épica o show de aproximadamente 1h.
Por fim, às 21h20m, chegou a vez do Slipknot. Os quase 45 mil visitantes se espremeram perto do palco Knotstage. A performance dos nove mascarados é de fato uma experiência única. É completamente palpável a energia que eles passam para o público. Não é leviano afirmar que o grupo, oriundo da cidade de Des Moines (Iowa), encontra-se tão reerguido e forte do que nunca. Ainda mais se considerar os últimos acontecimentos que a banda viveu: período de reclusão e pandemia, incertezas e o falecimento do ex-baterista Joey Jordison.
Os donos do Knofest trouxeram para terras tupiniquins a turnê de seu mais novo disco "The End, So Far", mas engana-se quem pensa que o repertório só teve novidades. Corey Taylor fez questão de perguntar, "quantos aqui já assistiram ao nosso show antes e quem está vendo pela primeira vez?" e para surpresa do frontman vários estavam debutando no show dos ícones do new metal. Para esses fãs, eles também entregaram um show repleto de clássicos como "Disasterpiece", "Wait And Bleed", "Before I Forget" e "Duality". Houve espaço para a fantástica "The Heretic Anthem", hino dos maggots, com o coro do refrão puxado por Corey, "If you're 555 then I'm 666" e “Spit It Out” com o momento já aguardado onde o vocalista pede para todos os fãs se agacharem e no comando pularem juntos. As músicas finais foram as pesadíssimas "People = Shit" e "Surfacing".
O saldo final do Knotfest foi extremamente positivo. Ingressos esgotados, dois palcos com os shows começando dentro do horário estimado e trazendo mais de 12 horas ininterruptas do mais puro rock'n'roll. Isso tudo aliado com uma experiência imersiva pelo Slipknot Museum. Os fãs podiam caminhar ao longo do acervo com instrumentos, máscaras e roupas usadas pelos integrantes nos mais de 20 anos de história. A fila era enorme, mas para o fã valeu cada minuto.
Uma segunda edição do festival será muito bem-vinda e certamente trará felicidade para o público.
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