Celebrando a magia da música soul, Bruno Del Rey lança clipe 'Começou Tem Que Ter Fim'
8:05 PMBruno Del Rey - Foto: Melissa Warnick |
Faixa faz parte do novo disco homônimo com lançamento previsto ainda para o mês de junho
Um artista com voz elegante e com uma vibe super retrô, esse é Bruno Del Rey. O músico sergipano se encantou por música aos 12 anos de idade quando ganhou seu primeiro violão e tem muitas inspirações em Beatles, Jerry Lee Lewis e música pop feita nas décadas de 50 a 70. Entre 2000 a 2016, ele esteve a frente das bandas Rockassetes e Bicicletas de Atalaia. Além disso, ele já subiu aos palcos de importantes festivais independentes como Abril Pro Rock (PE), Vaca Amarela (GO), MADA (RN) e Calango (MT). Em 2017, Bruno lançou seu primeiro EP solo: "Respire fundo e diga 33". A faixa “O cara do terno preto” chamou tanta atenção que chegou a final do concurso 'Energia Me Ouve' realizado pela rádio paulistana Energia FM.
Recentemente, ele lançou o novo single, “Começou Tem Que Ter Fim”. Produzida por Augusto Passos, com mixagem e masterização de Dudinha (Lima), a faixa intitula o novo registro de estúdio do artista, previsto para chegar em todas plataformas digitais ainda em junho. “Essa foi a primeira música que escrevi após o término de um longo relacionamento. Foi uma fase difícil, mas também de uma transformação importante. Quis deixá-la direta, sem rodeios e poucas metáforas. É bem visceral”, explica.
Executada com instrumentos vintages, efeitos analógicos e técnicas de gravação Lo-Fi, track inspira-se nos anos 50 e 60, reverenciando o soul e o estilo crooner de cantar. Essas influências ficam ainda mais evidentes no vídeo, em preto e branco, que acompanha o lançamento. Nele, cantor e banda parecem apresentar-se em um programa de televisão da época. Além da fotografia, todos os outros detalhes, como os cortes e planos de filmagem, foram baseados naquele tempo.
Leia nossa entrevista com o Bruno Del Rey que nos contou mais sobre sua trajetória, influências e novo álbum:
FRS: Obviamente, vamos começar pelo início. Quando e como a música entrou na sua vida?
BdR: Cresci numa família extremamente musical, meus pais sempre gostaram, ouviram e cantaram música em casa. Aprendi a tocar violão com meu pai, inclusive. Aos 12 anos ganhei meu primeiro violão e ele me ensinou os primeiros acordes, eu o observava tocando e logo estávamos fazendo isso juntos. Alguns anos depois formei minha primeira banda e comecei a estudar guitarra no Conservatório de Aracaju. Ao longo dos anos, parei e voltei a estudar canto e violão/guitarra algumas vezes em conservatórios, já morando em São Paulo, mas aprendi mesmo nos palcos, nos encontros e ensaios na estrada, essa foi a maior escola musical.
FRS: Quais são as suas principais influências?
BdR: Comecei a tocar por causa de Beatles, Jerry Lee Lewis e quase toda a música pop produzida nas décadas de 50 a 70. Porém, grande parte (se não a maior) da minha vida profissional musical foi influenciada por bandas de guitarra garageiras, indie rock que também bebiam na fonte dos anos 60 e 70 mas definiu toda uma sonoridade que vai dos 90 ao início dos 2000; Teenage Fan Club, Wilco, Weezer, Supergrass etc. A Rockassetes, minha primeira banda, respirou muito esse ar. Desde antes de aprender um instrumento, Bossa Nova e a dita "MPB" sempre fizeram parte do meu cotidiano musical em casa, mas até então, não haviam influenciado diretamente a minha maneira de compor ou cantar. Quando a Rockassetes chegou ao fim, minhas inspirações se voltaram muito a essa bagagem pessoal e assim nasceu a Bicicletas de Atalaia, minha segunda banda que buscava mesclar Bossa Nova, MPB e indie rock. João Gilberto, Tom, Caetano, Jorge Ben e Belle and Sebastian eram pilares nesse começo. Por todos os caminhos que andei e influências que tive em diferentes fases, algo estava sempre presente: a paixão pela sonoridade vintage . Os timbres, as gravações e a estética retrô sempre foram lugar comum e aos poucos fui retomando isso com mais força, voltei aos ídolos de 60 e 50 mas agora fui na fonte e, obviamente, caí na raiz negra, fosse no Soul e Blues americano ou no Samba brasileiro e isso me influenciou de maneira muito forte no jeito de compor e cantar como Bruno Del Rey. Sam Cooke,Bill Withers, Billie Holiday, Sharon Jones, Charles Bradley e Tim Maia são figurinhas fáceis na minha lista.
FRS: Como você se descreveria como compositor? Você é daqueles que acorda no meio da noite para escrever uma ideia ou você tem algum processo criativo?
BdR: Não tenho um método, pode acontecer de "brotar" algo no meio da madrugada, do instinto e a partir daí trabalhar nisso, como também me "disciplinar" à composição: sentar, ficar tocando, assobiando melodias até pintar algo que curta e possa desenvolver uma letra. Geralmente a melodia e harmonia vêm antes, letra depois, mas já aconteceu o contrário diversas vezes.
Bruno Del Rey - Foto: Melissa Warnick |
FRS: Vamos falar sobre o seu novo álbum, “Começou Tem Que Ter Fim”. Como foi o processo de composição do álbum e quais foram as suas inspirações?
BdR: As faixas vieram de diferentes fases na verdade, foram amadurecendo em arranjos e significância.Compus as 3 faixas sozinho, letra e música mas a banda teve papel fundamental na construção dos arranjos, foram bem detalhistas e autorais nesse aspecto, o que claro, só engrandece o trabalho.
Desde que lancei meu primeiro EP ano passado, comecei a pesquisar e entender ainda mais onde queria chegar com o som, da maneira de arranjar as músicas, compor, passando pelo jeito de cantar até como gravar o material para que ficasse mais próximo a uma sonoridade vintage. Quando senti que havíamos atingido boa parte disso ao vivo (porque estamos em constante desenvolvimento, claro), resolvi que era hora de gravarmos e pra isso precisaríamos de alguém que soubesse como traduzir essa linguagem pra gravação e nesse processo o Guto foi fundamental.
Augusto Passos (Guto) é meu amigo e parceiro musical de longa data, ex-membro da Bicicletas de Atalaia. Com ele tive liberdade para trabalhar e pensar o conceito do disco e o Guto foi extremamente dedicado em pesquisar o melhor jeito de captar o som para aquela estética. Gravamos 90% ao vivo, deixando para overdub apenas os vocais e pequenos elementos de percussão. O estudio em que gravamos ( Buena Familia) tinha vários equipamentos analógicos e também utilizamos instrumentos vintage, toda essa soma foi fundamental para definir a sonoridade do álbum. Não queríamos imitar um som específico da década de 50 ou 60 mas emular uma junção dessas décadas, fazer uma referência e criar uma sensação para quem ouvisse. Isso nos permitiu criar uma nova atmosfera e lembrança sonora dessa época.
FRS: Já conhecemos a faixa título que tem muita influência dos anos 50 e 60. Pode nos contar como foi escrever essa música?
BdR: “Começou, tem que ter fim” não foi a primeira das 3 faixas que compus, mas foi a primeira faixa que escrevi após o término de um longo relacionamento, é direta e visceral. Como diz o título, é a constatação de uma dor. Em termos de sonoridade, a estética "balada Soul" foi mantida em primeiro plano, timbres de teclado, baixo, guitarra e bateria foram escolhidos com esmero, os arranjos já haviam sido desenvolvidos durante os ensaios. Lembro de tê-la escrito em um único dia e quando nos juntamos para ensaiá-la, os arranjos fluíram rápido e naturalmente, pouca coisa mudou ou foi acrescentada depois disso.
FRS: Inclusive, o clipe dela é belíssimo e fica bem evidente as influências pelo vídeo em preto e branco. O que significa para você levar um pouco dessa época dourada da música para um público mais jovem?
BdR: Não penso em "expor" ou "trazer de volta" para as pessoas o que se fazia em décadas passadas, pelo menos não por saudosismo, até porque não sou fiel a uma época restrita (seria 50 ou 60?), o que quero é propor uma estética baseada nessas referências, acho bonito, magnético. Espero que as pessoas (ou os jovens, como colocado) se identifiquem com a sensação ou gostem plasticamente do que ouvem e vêem mas não tenho e nem poderia ter pretensões maiores que isso.
Assista ao clipe:
FRS: Qual o papel da música na sua vida?
BdR: Alguém já respondeu à pergunta "Você vive de música?" da seguinte maneira: "Eu vivo PARA a música". Tomo pra mim a resposta e acredito que para todos cuja arte (ou a música) seja fundamental, é porque serve de inspiração pra realidade, seja ela de um momento de contemplação ou de luta.
FRS: Para finalizar, quais serão os próximos passos de Bruno Del Rey?
BdR: Assim que lançar o EP espero poder divulgá-lo em shows o máximo possível, estar num palco ao vivo é indispensável para o artista. Gostaria muito de rodar meu país cantando e conhecendo histórias e, claro, seguir compondo e gravando material novo!
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