Sem medo de quebrar tabus, Lupa traz rock de boa qualidade com temas polêmicos
11:19 AMBanda Lupa - Foto: Diego Bresani |
O quinteto brasiliense lançou em Março o clipe de "Justo Eu", primeiro single de "Lupercália", disco de estreia da banda. O vídeo aborda o sexo sem tabu e de uma maneira bem divertida, brincando com expressões populares
Lupa é uma banda que chegou para quebrar barreiras. O quinteto brasiliense iniciou os trabalhos em 2013 tocando pequenos pubs e hoje já divide palco com artistas como Projota, Banda do Mar, Vivendo do Ócio, Scalene e Dona Cislene ao longo de mais de 40 shows. Uma das novas promessas do rock nacional lançou recentemente o seu primeiro álbum de estúdio, "Lupercália". O disco, financiado inteiramente pelos fãs através de crowdfunding, aborda temas polêmicos. Amor, entrega, sexo e até masturbação como representado no clipe do single "Justo Eu".
Formada por Múcio Botelho (vocais e guitarra), João Pires (bateria), Lucas Moya (baixo), André Pires (synths/percussão e voz) e Victor Cavalcanti (guitarra), Lupa surgiu com o propósito de acender os corações com um rock'n'roll repleto de harmonias elaboradas com ritmos marcados, uma pitada de groove, muitas vozes e uma boa quantidade de metais. Conheça mais sobre esses "porta-vozes da paixão".
FRS: Para aqueles que estão conhecendo a banda pela primeira vez, como foi o início? Como vocês conheceram e iniciaram quem o projeto?
Lupa: Nós estamos juntos há 4 anos. Quem criou a banda foi o Múcio e ele quis, desde o início, se juntar com pessoas que não fossem parte do círculo musical que ele frequentava na época pra poder iniciar uma banda com formato, referências, proposta e sonoridade muito diferentes do que era feito até então. Pra isso se juntou com João (bateria), Lucas (baixo), Victor (guitarra) e André (teclados e percussão) e começaram a sua história.
Ele o João são primos e ficaram muito próximos por conta de um pub que o pai do João tinha. Foi lá que a Lupa começou e o pub foi praticamente nossa casa por dois anos, durante os quais demos forma às músicas que o Múcio tinha composto e que hoje fariam parte do nosso álbum de estréia.
O começo de toda banda é uma coisa incrível. É nessa época que as coisas mais importantes são construídas ou reveladas: o conceito que carregamos, a relação que temos uns com os outros, a forma como a gente fala... Uma coisa que sempre insistimos em dizer é que a Lupa não é só sobre música. A gente carrega uma ideologia, um jeito de encarar a vida e se relacionar com as pessoas. Nós queremos intimidade, proximidade; queremos contato direto e, acima de tudo, verdadeiro. Foram nesses dois anos iniciais que tudo isso se formou e sem dúvida é por conta disso que hoje nós conseguimos passar nossa mensagem com tanta clareza e autenticidade.
FRS: Vocês classificam o som da banda como uma mistura de ricas harmonias com ritmos marcados, um toque de groove, muitas vozes e uma boa dose de metais. Quais as principais influências da Lupa?
Lupa: Somos todos completamente diferentes e com gostos bastante peculiares. Nunca fechamos nossos ouvidos pra nenhum estilo e achamos que em todo e qualquer tipo de música existem coisas incríveis e únicas válidas de serem exploradas. Nossas cabeças vão do Indie Rock ao Alternativo, do Pop ao Progressivo sem pestanejar e as vezes rola uma pausa até no samba, no sertanejo e no axé. Não existem limites.
Se vocês quiserem ver as maiores referências de cada um de nós, no perfil da Lupa no spotify temos uma playlist de cada um de nós com as bandas que mais nos influenciaram e com as coisas que mais estamos ouvindo atualmente!
FRS: Vocês também se classificam como "porta-vozes da paixão". Qual o papel da música na vida de cada um do grupo?
Lupa: A música tem um potencial transformador que é assustador. De novo, nunca é só sobre música. É também sobre mudar mentalidades, sobre expor verdades e sobre derrubar barreiras.
Nós somos pessoas extremamente comunicativas e expansivas. A gente tem uma necessidade constante de estar em proximidade com as pessoas e falar sobre as coisas que a gente acredita. Isso é uma coisa que vem naturalmente pra gente e que nós amamos.
A música e todo o ambiente que ela propicia, pra nossa felicidade, é a forma pela qual a gente melhor se comunica. É por meio dela que a gente consegue expor como a gente enxerga o mundo e criar uma ligação única com quem rodeia a gente.
FRS: O que significa para vocês ter tido o álbum de estreia, Lupercália, apoiado através de crowdfunding?
Lupa: O crowdfunding foi uma experiência incrível e extremamente simbólica pra gente. Batemos a meta inicial em mais de 150%! E isso representa, no final das contas, que as pessoas realmente acreditam e torcem pela gente e isso dá pra todo mundo da banda uma confiança enorme de continuar insistindo no inseguro e caminhando por rotas sempre surpreendentes.
Nós sempre dizemos que não devem existir barreiras entre quem está em cima de um palco e quem está na platéia. O financiamento coletivo mostrou pra gente que quem acompanha a Lupa acredita piamente nisso também.
Hoje, graças a esse tanto de gente, nós conseguimos gravar nosso primeiro cd e começar a levar nossa mensagem pro Brasil inteiro. O Lupercália é literalmente um pedaço da gente, da banda e do público, e isso vai ficar pra sempre guardado na nossa história.
Primeiro show da Lupa em Bahia - 05/05/2017 - Foto: divulgação |
FRS: Como foi o processo de composição do álbum?
Lupa: As 12 músicas que hoje fazem parte do álbum foram compostas pelo Múcio nos últimos 4 anos. O Múcio trouxe pra gente as letras e as canções brutas e a banda, junta, bateu em cima de cada uma delas, alterando arranjos, estrutura até as músicas virarem o que são hoje.
Permissão foi a primeira música a ser escrita pra Lupa e Lunático, até o início das gravações, tinha sido a última.
Uma coisa sensacional que aconteceu com esse álbum foi que nós tivemos a oportunidade de testar quase todas as músicas ao vivo antes de iniciarmos as gravações. Isso é muito importante pra gente porque nosso show é a hora que podemos ter o contato mais próximo com nosso público. É a hora em que não existem filtros medindo as reações das pessoas. É aí que vemos exatamente o que as nossas músicas passam; o que elas despertam em quem está ouvindo a gente e então podemos explorar isso melhor nas gravações.
FRS: Vocês lançaram recentemente o clipe da música "Justo Eu" que traz um tema bastante polêmico. Como foi o processo de gravação do vídeo?
Lupa: Esse foi simplesmente o clipe mais gostoso e engraçado de se gravar da história. O Múcio teve a ideia do clipe durante uma aula e ligou desesperado pra gente pra contar a ideia. Todo mundo amou o conceito e então já começamos a correria pra produzir. A ideia era falar sobre masturbação da maneira mais lúdica o possível. Não queríamos nada intenso, nada explícito. Pelo contrário, queríamos uma coisa extremamente clean, que passasse mais um sentimento de ingenuidade, de descoberta e exploração do que de erotismo.
Levamos a ideia pros nossos queridos da Toranja Filmes (João Caffarelli, Saulo Santos e Fabrício Timm), que ficaram responsáveis pela direção e gravação e então o Saulo, amigo do Múcio de longa data, sugeriu que fizéssemos todo o clipe usando metáforas. De imediato topamos.
Pra completar o time e fazer a direção de arte, chamamos as meninas do Estúdio Cajuína (Flora Egécia e Bianca Novais), que haviam acabado de fazer a direção da nossa foto de capa do álbum!
A gravação foi feita em dois dias consecutivos. No primeiro gravamos todos os takes das metáforas e no segundo, os da banda. Dava pra gente fazer uma entrevista inteira só contando as coisas que aconteceram nessas gravações! Inclusive, estamos fazendo agora um vídeo pra contar algumas histórias sobre o clipe!
FRS: Ainda sobre sobre o clipe, em algum momento vocês hesitaram em abordar sobre sexo?
Lupa: De maneira nenhuma. Falar sobre isso é uma coisa muito natural pra gente e deveria ser pra todo mundo. Se isso ainda é um tabu, a gente tá aqui pra ajudar a desmistificar isso. Aceitação, respeito, auto-conhecimento não deveriam ser problemas. No clipe nós escolhemos falar sobre uma coisa que ainda incomoda muita gente: masturbação. E durante o processo de criação da ideia, nós mesmos tomamos um susto!
Quando começamos a fazer uma listona com todas as metáforas possíveis e imaginárias pra isso, nós percebemos que simplesmente não existem metáforas pra masturbação feminina! Por que não existem? Por que não se fala sobre isso! Por que não se considera, ainda hoje, aceitável que mulheres se masturbem. Como isso não faz parte das conversas cotidianas, não se deu tempo ou oportunidade para que as pessoas criassem metáforas pra falar disso.
Assim que nós percebemos isso, pensamos. Pô, se não existem, bora fazer existir. Montamos então um grupo com várias amigas nossas só pra inventarmos metáforas exclusivas pra masturbação feminina. O resultado foi uma lista de mais de 100 expressões que fizeram a gente rolar de rir durante a noite inteira. No clipe entraram várias delas e a gente precisa fazer algum tipo de concurso pra dar um prêmio pra quem conseguir nomear cada uma das metáforas que são apresentadas no clipe.
Assista ao clipe de "Justo Eu":
FRS: Vocês estão em intensa divulgação do álbum neste momento. O que os fãs podem esperar nos próximos meses?
Lupa: Nós temos o mundo inteiro em nossos planos. Pra nossa felicidade, a gente vem tendo uma resposta incrível da imprensa e isso tá dando espaço pra nós podermos falar sobre coisas que a gente realmente acredita. Isso não tem preço. Além disso, nosso clipe tá começando a ser veiculado nos canais de TV e nossas músicas estão tocando nas rádios de Brasília, de São Paulo, da Bahia e até do Maranhão.
Dia 21 agora vamos fazer a 2ª edição do Festival Lupercália, onde vamos comemorar o lançamento do nosso primeiro álbum e começar a distribuição dos mais de 500 CDs físicos já comprados antecipadamente.
Agora é hora da gente finalmente ir conhecer de perto quem acompanha a gente. Nossa agenda de shows está linda, estamos fechando presença em vários festivais e vamos poder passar por várias cidades pra levar ao máximo de pessoas nossa palavra e finalmente distribuir os xeros que a gente vem prometendo.
FRS: Finalmente, podem deixar uma mensagem para os nossos leitores?
Lupa: A gente sempre diz que "Brasília tem ouro", mas a real é que tem coisa incrível pipocando em todo canto desse país. A gente tá vivendo um momento único na produção cultural brasileira. Nós nunca vimos isso acontecer e é uma alegria poder fazer parte disso.
Fazer música e poder viver disso é um privilégio absurdo. E isso só é possível por conta das pessoas que acompanham e que acreditam na gente. Não tem coisa mais incrível que ver vocês se identificando com o que a gente fala; que ver pessoas realmente entendendo o propósito pelo qual a gente tá aqui.
Que os nossos passos sejam sempre em direção à vocês e que, juntos, nós consigamos ir cada vez mais longe. Se Lupa é amor, a gente não tem a menor dúvida de que é por conta de vocês.
Onde encontrar a banda:
Site oficial: https://www.bandalupa.com.br/
Facebook: https://www.facebook.com/bandalupa/
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1 comentários
Lupa! <3
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