O show que o público mereceu: Chris Cornell em Porto Alegre-RS.
8:32 PM
Texto: Karen Batista
Fotos: Lilian Guedes
Chris, desde o início, buscou criar um clima intimista com a
plateia, dialogando com os presentes (algumas vezes respondendo-os diretamente), atendendo a pedidos, comentando sobre as circunstâncias em que determinadas
músicas foram escritas, até mesmo falando de sua família. Era praticamente como
se Chris estivesse com todos os presentes como convidados na sala de sua casa.
Mas convidados bastante mal-educados, infelizmente.
Não demorou para que o público se aproveitasse de tamanha abertura de parte do músico, tornando o intervalo de cada música uma gritaria. Não só solicitações de músicas, mas também comentários inconvenientes. O que Chris procurou contornar com um bom-humor um tanto sarcástico – por exemplo, quando uma moça gritou “marry me” (“casa comigo”) imediatamente Chris puxou a música seguinte falando da sua esposa e da sua festa de casamento. E nisso, o setlist acabou sendo improvisado, para o bem – com um excelente cover do clássico dos Eagles “Hotel California” – e para o mal – as ausências dolorosas de “Black Hole Sun” do Soundgarden e “Like a Stone” do Audioslave, ainda que pedidas à exaustão nos intervalos.
Canções de todos os seus projetos foram tocadas, contudo: “I
am the Highway”, “Wooden Jesus”, “Call me a Dog”, “When I’m Down”, “Seasons”, para
citar algumas, e a qualidade vocal de Chris é assombrosa. Mas o final do show –
com o músico deixando o palco sem se despedir em “Blow up the Outside World” e
sem sequer um bis deixou o público estarrecido e confuso. Os presentes se
perguntavam sobre o motivo de tal comportamento - e provavelmente nunca
saberemos - mas independentemente de Cornell ter se irritado com o público ou
não, ainda assim foi o show que os porto-alegrenses mereceram naquela noite.
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